9.

QUEM REALMENTE VEIO PRIMEIRO [2004]
Objeto, 15x15x8cm.
Foto: Luis Oliveira.

Eu não digo que sim, nem que não. Antes porém, digo o contrário. Ligeiras Notas. Eis que um dia as coisas já não podiam ficar como estavam. Mesmo porque elas haviam se tornado outras, sem consultar a nenhum princípio de realidade qualquer. Ora, mas quanta audácia... como é que as coisas se tornaram outras assim, sem mais nem menos?

8.

NEGRESCO [2003] Máscara

Plantas realizam fotossíntese. São verdes. Queria eu possuir alguma espécie de pigmento. Queria eu ser verde. Ora, até mesmo porque já que tenho celulite, devo produzir celulose. Pensando bem, verde não. Os bêbados é que são verdes. Queria ser azul. Sendo azul não carregaria o fardo de minha pele branca. Não houve ainda raça de mulheres azuis. Nada ainda foi feito por elas de errado. Ora, os vermelhos morrem de preguiça por serem idílicos demais. Os pretos são forçados a terem uma existência transcendental. Os amarelos não toleram o nascer do Sol ao sul. Mas os azuis? Nada! Eles ainda têm a neutralidade que somente os fracos conhecem. Enquanto o mundo explode a disparidade reina absoluta. Foi quando de repente, ouvi minha memória cantar: "para o homem: negro/para o homem: rosa/ para o homem: ouro/para o anjo:azul/quais são as cores que são suas cores de predileção?"

7.

FRUTOS MÚLTIPLOS. [2004].
Acrílica sobre Tela, 45x54cm.
Foto: Luis Oliveira.

6.

OLHAR OBSERVADO [2004]
Acryóleo sobre Tela, 45x55cm.
Foto: Luis Oliveira.

5.

SAPO CURURU (ou) FLOR EM FUGA [2003]
Relevo Acrílico e Guache sobre Tecido Laminado, 40x50cm.
Foto: Luis Oliveira.

4.

À ESPERA DO MAPA [2007]
Colagem de desenho de modelo vivo em pintura acrílica, 20x15cm.
Foto: Luis Oliveira.

Esta é uma daquelas que não sei bem nem como, nem o porquê. Momento eu mesma para mim. Revelação. Aparição. Embaraço. Gosto da possibilidade da surpresa. Da imaginação que se desprende em uma materialidade semi-previsível. Na verdade, tudo não passa de uma descoberta mediada por elementos outros em si. Mesmice. Em-si-mesmice.

3.

ATRAÇÃO [2004]
Acrílica sobre Tela, 40x30cm.
Foto: Luis Oliveira.

2.

(...)

Como você se sente quando a obra de arte não olha para você?
[2008] Mistura, 70x50cm.
Foto: Luis Oliveira

1.



Cada um com os seus botões (... e porcas e parafusos, também!)
[2004] Acryóleo sobre tela e botões, 62x52cm.
Foto: LG

19.

 A ESPERANÇA AO QUERER SAIR DE DENTRO DA TAL CAIXA [2003]
Objeto, 60x35x35cm.
Foto: Luis Oliveira.

Eis que um dia estava prestando atenção nas coisas que as outras pessoas também prestam atenção. Ficamos assim, prestando atenção nas coisas por um bom tempo quando, não mais que de repente, percebemos que as coisas estavam prestando atenção de volta. Será? E as coisas prestam atenção? Eu que sou eu, junto com as pessoas que sabem dos eus que cada uma delas são, estamos prestando atenção nas coisas por tanto tempo e nem sabíamos que elas prestavam atenção de volta. Ah, mas será que as coisas prestam atenção do jeito que a gente presta? Será que as coisas prestam atenção nelas mesmas ou prestam atenção na gente? Será que as coisas sabem que a gente presta atenção? Sim, porque a gente nem sabia que elas prestavam atenção e elas prestavam assim mesmo. Será que as coisas prestam atenção na gente há mais tempo que a gente presta nelas? Será que para as coisas somos coisas? Aliás, porque então das coisas serem coisas e não gente que também presta atenção?

18.

COCÓ [2006]
Nanquim sobre canson, A4.

Às vezes, palavras demais tendem a se tornar incompreensíveis. Complica ainda mais quando se quer relacionar uma palavra com a que vem a seguir, com a próxima idéia, com aquilo que ainda não é. Por vezes, todas as palavras são menos que o necessário para dar conta do argumento. De qualquer forma, de pouquinho em pouquinho, palavras dispersas até que enchem o papo!

17.

A totalidade não é apenas aquilo que qualquer um representa sobre o todo. A forma que se apresenta é apenas um acidente que, se for compreendida enquanto conteúdo, ofusca a configuração do momentâneo. Na verdade, confesso: a forma é apenas receptáculo da força mística do cosmos. Aqui o cosmos tem camadas e contornos. Partes que circunscrevem um miolo, uma centralidade mínima de onde as possibilidades emanam triunfantes.

TAPETE MÁGICO [2001]
Desenho, A4.

16.

GLUB! GLUB! [2006]
Nanquim sobre canson, A4.

Desculpe o mau-humor. Ainda não é possível. Mas não o é, não por ser inviável. A poesia me sufoca. Adentra e incomoda. Entretanto, de nada adianta ocupar lugares indevidos com coisas impróprias. Não importa. Nem mesmo a emoção que chega à aorta. Atormentada pelo excesso, naufragada por impulsos anteriores, de nada adianta! Nada!

15.


ÓCIOLOGIA [2005]
Desenhos de modelo vivo de tamanhos variados, A4.

As pessoas instrumentalizam as suas relações. Enquanto isso acontece, somos apenas resíduos daquilo que realmente interessa para a alteridade que nos permeia. Quem somos? Aqui Estamos! Permeados pela eternidade de nossas entranhas. Quem estranha não estar mais disponível ao próprio ser?

14.



QUADRANTES [2006]
Desenho em A4.

Minhas divagações não cessam. Ah, se eu conseguisse acompanhar a minha consciência! Enquanto ela instaura um processo de revolução em prol da baba cósmica, eu me detenho em um marasmo de mim. A minha redundância me irrita como uma conspiração silenciosa me corrompendo em uma coerência massacrante. Credo!

13.

CRIAÇÃO & CRIATURA [2006]
Nanquim sobre Canson, A4.

É possível uma equivalência entre o processo criativo e a recepção de modo que o artista que se coloca para fora de si é o mesmo percebido pelo ego interior? Que genealogia autóctone nos permite ser nós mesmos? Se é necessário compreender para transformar será que a experiência do fazer nos permite intuir quem somos?

12.

TRIO-PARADA-DURA!?! [2006]
Nanquim sobre Canson, A4.

... o todo não está necessariamente inteiro...

11.


INTRAUTERINO [2006]
Pintura Mista, 26x20cm.
Foto: Luis Oliveira.

A obra de arte não é tão somente um objeto, um documento cultural que atesta a existência social de um trabalho simbólico. O espaço ocupado por ela é principalmente um acontecido que atualiza e revela; que significa e remete; que redunda e encanta. Aqui aparecem coisas que só dizem respeito a mim, por mais que tente compartilhar com você.

10.

NARITOON [2006]
Nanquim sobre Canson, A4.


Todo novo conceito é poético:
a estética é um estado de sentimento!

9.

QUER SUBIR NA VIDA? COMO NÃO QUERER O MELHOR? [2008]
Acrílica sobre parede, 139x88cm.
Foto: Luis Oliveira.

p.s. se você só pensa merda transforme o seu cérebro em adubo!

8.

SEMI-ÓTICA (ou) O AMOR CEGA! [2004]
Pintura Mista, 45x55cm.
Foto: LG

Estamos quase sublimando o desejo com a carência. Estamos quase satisfeitos com a falta que as pessoas fazem. Por isso, peço encarecidamente que retire a minha alma e saia com ela por aí para passear e perceber as estrelas. Quem sabe elas não nos contam os segredos de nosso destino. Deixe o meu corpo ficar pensando nos complementos antagônicos para as estruturas dialéticas de um discurso antinômico... e foi assim que a cabeça do moribundo expoente explodiu com o limite do lógico externalizando até unha encravada!

7.

AS NOVE SUBJETIVIDADES [2008]
Nanquim/Acrílica sobre Tela, 70x60cm.
Foto: Luis Oliveira.

Ainda não consigo exercer uma relativa unanimidade corporal. A minha consciência postula disciplina: é necessário que a subjetividade seja determinada pela experiência. No entanto, a memória consegue convencer as pálpebras de meus olhos a fecharem suas portas impedindo o feixe de luz portador de desejos sensíveis. Em meio a tudo que se passa, o joelho ri da nossa incapacidade de se alimentar a fome com a batata-da-perna.

6.

Palavras são imagens, coisas feitas de linhas. As linhas, por sua expressividade gráfica, tornam visível tudo aquilo que só existia na imaginação de alguém. As linhas podem gerar formas, que podem ser coloridas, que podem ser descritas por outras linhas: palavras. Enfim: O verbal é visual! Já a escrita é rastro gráfico de sensibilidade e intenção pictórica.

5.

A ÚNICA COISA QUE REALMENTE IMPORTA [2004]
Objeto, 15x7x11cm.
Foto: Luis Oliveira.

Manifesto para a Elite Patrimonialista

A arte é menos necessária que a dignidade social. Entretanto, considerando a irresponsabilidade pública do Estado Brasileiro perante a multidão atônita, antes arte do que nunca! Não acreditem em política. Nem em medidores econômicos. Não acreditem na representatividade democrática dos famintos e analfabetos por políticos que ostentam a pujança de sua indiferença opressora perante a miséria generalizada. Somos um país ridículo, de uma elite que não quer ser do povo. Aqui, o exílio subjetivo oprime tanto quanto a obrigação da indiferença. Pois que venha a mesmice!¡! A estas alturas nosso esnobismo paradoxal é bem mais útil que a falta que nos faz tudo o que não somos, não temos, não podemos. Afinal, o Brasil é o país do futuro que não se presentifica nunca. E você leitor, já corrompeu alguém hoje?

4.


momento do processo [2007]
Foto: Wesley Rosa

Embora exista uma expectativa de que as coisas sejam, de fato, o que parecem ser, e apesar de em geral, elas realmente serem o que aparentam, as representações tendem a ser manipuladas. E daí? Manipula de volta!

3.

Tudo começou certo dia quando meu cérebro renegou sua autonomia e decidiu fazer greve. Já não queria ser o responsável por decisões a serem tomadas. Por mais incrível que pareça coincidiu com o momento em que meu coração já não queria mais sentir por estar sofrendo demais. Fato é que as diferentes partes de mim se desagregavam para tornarem a ser coisa inteira. Tinham chegado à conclusão de que nada valia à pena e queriam apenas, e nada menos, que a unanimidade.

Tornar a ser uma só voz, uma única linguagem corporal. Este era o lema: Dito e Feito. Mesmo porque não havia mais distância entre intenção e gesto. Tudo era uma coisa só e a vida passou a ser vivida de corpo inteiro. Eis que surgiram certas complicações... Minha alma ficou sabendo o que me acontecia e achou por direito que também deveria ser incorporada. Foi criado o impasse: como é que o efêmero se tornaria matéria? Pior, que lugar no espaço ocuparia? Aliás, meu corpo nunca havia visto a minha alma e havia certo receio de que, em virtude de sua fama, a alma uma vez palpável seria tão grande, a ponto de ser impossível fazer parte de algo menor que ela. O que fazer? Um corpo não podia deixar de ter alma, mas se a alma ao se tornar matéria fagocitasse o corpo, este deixaria de existir do mesmo jeito. O desaparecimento de meu corpo parecia coisa inevitável. Que horror! Entretanto, meu fim não significava minha extinção. Ora, perceba: com a morte a vida continua! As bactérias que se alimentam do seu cadáver fertilizam o solo em que nasce a grama que a vaca pasta. Ou seja: você vira hamburger!

DEMIURGOS, UNI-VOS! FAÇA O POSSÍVEL COM O MÍNIMO [2008]
Acrílica sobre Parede, 136x79cm.
Foto: Luis Oliveira.

2.

Sopro Divino & Bafo Celeste. Ligeiras Notas sobre a BABA CósMICA. Há quem acredite na existência dos universais? Não duvido. Agora, ainda bem que não é necessário provar que algo existe, só por simples crença em se acreditar que existe. Imagina, seria uma enorme perda de tempo; e ainda, com o risco de que ao fim aquele algo deixe de existir por se ter acreditado na dúvida de sua existência. Tendo em mente que o subentendido é o que não está explícito, tentarei ser a mais implícita possível, para que ao final tudo volte a ser óbvio.

VEJA O QUE PODE SER. QUEM QUER SER VISTO POR SUA ALMA EM SI? [2008]
Acrílica sobre Parede, 129x77cm.
Foto: Luis Oliveira.

1.

Manifesto Sóciosemiótico

A Humanidade é Anacrônica... Quanto a seus Contemporâneos, são mais caretas que as suas maiores loucuras imaginam! Assim sendo, o que está por vir é uma guerrilha semiológica: as palavras são apenas palavras e elas sabem muito bem o que querem dizer. Agora, cabe a você interpretá-las. Portanto, sugiro ao leitor que não se sinta ofendido com o que está prestes a ler. Peço que por favor não considere as considerações como sendo insultos à sua pessoa. Não o são. Agora, não que o contexto não seja o de um ultraje a rigor. A questão é que as infâmias não são direcionadas a qualquer pessoa que seja. Mesmo porque a pessoa é uma entidade semi-metafísica que não existe. A percepção que temos de nós mesmos como se cada um fosse um invólucro autônomo de personalidade diferenciada é falsa. Quer se queira ou não, um indivíduo é sempre membro de grupos. Portanto, é conjuntamente responsável pelas ações do grupo. No entanto, considerando que somos muitos, e cada um membro simultâneo de diferentes grupos, como seria possível exigir uma responsabilidade coletiva pelas ações simultâneas? Na minha perspectiva, isto só seria possível se houvesse uma compreensão sublimar que estamos cada um na sua, mas com alguma coisa em comum. E o que seria este elemento comum senão o fato de sermos parte integrante de uma suposta humanidade. Com isto, expresso minha profunda consternação por ter constatado recentemente que não somos humanos, a-pena-s antropomorfos.